Pega no livro

Clubes de leitura da Galiza com algum livro em português


Tuga-Lugo-Lendo

Tuga-Lugo-Lendo foi criado em outubro do ano 2009, por iniciativa do departamento de português da EOI de Lugo. A maior parte dos membros dos clube são alunos e ex-alunos da escola, mas as portas estão abertas para qualquer pessoa que queira participar.

Lemos em português, quatro ou cinco livros por ano. Tentamos sempre que haja um equilíbrio entre a literatura portuguesa, brasileira e dos países africanos com o português como língua oficial. Também fazemos o possível para contar com a visita de, polo menos, um autor por ano.

No primeiro ano de andamento do nosso clube tivemos três reuniões, mas o número de sessões foi aumentando, a atualmente realizamos uma por mês.

Já fizemos as seguintes leituras:

1. Jesusalém (Mia Couto)
2. Contos do Barroso (José Dias Baptista)
3. O Alienista (Machado de Assis)
4. As sereias do Mindelo (Manuel Jorge Marmelo)
5. O Planalto e a Estepe (Pepetela)
6. Rio Homem (André Gago)
7. Capitães da Areia (Jorge Amado)
8. Contos Galegos (Paulo Soriano)
9. O Mandarim (Eça de Queirós)
10. A primeira Aldeia Global (Martin Page)
11. Antologia do Conto Brasileiro Contemporâneo (VVAA)
12. Quantas Madrugadas tem a noite / Bom dia, Camaradas / Os da minha rua / Avodezanove e o segredo do soviético / A bicicleta que tinhas bigodes (Ondjaki)

José Dias Baptista, Manuel Jorge Marmelo e André Gago estiveram na nossa escola. O clube deslocou-se até à Eira da Joana, na Ulhoa, para apresentar o livro Contos Galegos num ambiente inspirador para o género fantástico e dos contos de terror.

Como pelo nosso clube passaram muitas pessoas em momentos diferentes, é difícil fazer uma votação dos livros mais bem sucedidos. O Planalto e a Estepe e os Capitães da Areia foram porventura os mais consensuais: Apostas certas para clubes de leitura.

No 25 de abril deste ano (2012) dedicamos uma sessão à pintura portuguesa naturalista, modernista e de vanguarda. “Lemos” quadros de Amadeo de Souza Cardoso, Almada Negreiros e Luís Pousão, entre outros.

O nosso contacto é lugolendo@gmail.com


Dia de escrita em Lendo lendas

 

Olá mamai !! já levo um mês aquí , no teu país natal, e estou encantada!

Antontem parece ser que houve uma “ciclogénese explosiva”, mas aqui não explora nada, tens uma terra bem tranquilinha. Choveu muito, isso sim, mas bem me disseste que isso era natural aqui na Galiza.

Este mês fum de visita a Mugardos, a recolher as bases do concurso de escrita, envío-che uma foto e que não che dê morrinha.

Ontem, no clube Lendo lendas, tivemos a primeira juntança de narradores e foi um pequeno acto ideal, foi como ir ao teatro. O teatro de Xan Palomo “eu guiso-o, eu como-o”. Levamos os quatro contos inventados e lemos en voz alta cadanseu relato mentres o resto escutava. Quatro histórias diferentes, quatro estilos diferentes, mas tudos bem feitucos. Já sei o que estas a pensar, minha mãe: “essa modestia, filha …”.

Agora estamos matinando de criar alguma obra colectiva, pode ser mesmo tipo Brockhoff:
http://en.wikipedia.org/wiki/Stefan_Brockhoff

e pouco máis, marcho a pensar na seguinte história
bikos da tua Mafalda
P.E: alegrei-me muito ao recebir a tua carta, sentim-me menos longe.


Clube de Leitura Paco Martín, Bretonha

 

Aló polo 26 de decembro do 2011 nace o clube de lectura de Bretoña, fruto da semente que a Pega trouxo no bico, e non secou nin lle fixo falta abono, pois seguimos adiante, iso sí, paseniñamente, como se cociña un bon xantar.

Empezamos só con xente do propio pobo, invitamos a quen queira a que se una a este magnífico proxecto, sexan de onde sexan, e según nos van coñecendo vaisenos unindo xente, entre eles, o alcalde, e tamén o escritor Paco Martín, que na sua honra puxémoslle de nome ao clube: Clube de Lectura Paco Martín. É un clube formado por xente moi diversa, tanto en idade como en ideas e isto fai que as xuntanzas sexan interesantes e divertidas.

O primeiro libro que escollemos é O club da calceta, de María Rimóndez, e que aínda estamos lendo (xa dixen que aquí vaise amodiño) e entre outras actividades programadas, temos a intención de remata-lo cunha visita de María e o visionado da película. Tamén hai algún membro do clube que está calcetando.

A próxima obra aínda non a decidimos, pero polo medio meteremos algún conto do libro “O Conto Brasileiro Comtemporâneo”, un novo reto para o noso clube.


Afinal, será que Deus é brasileiro? Comentário do João Facal aos Quinze Brasis de Fernando Bonassi

Comentário do João Lopes Facal aos Quinze Brasis de Fernando Bonassi (Antologia do Conto Brasileiro Contemporâneo)

Bom, eu concordo em que contos, propriamente, não são. De facto, os 15 textos pertencem ao género, tão estimulante, do pranto pelos males da pátria e a desgraça de ter nascido no lugar errado.

Atribui-se a Cánovas del Castillo – pessoa esperta na matéria – a afirmação de que: ” Son españoles… los que no pueden ser otra cosa “. Concordo. Contudo, não podia faltar o génio saudoso português para melhorar a marca, neste caso a voz do meu amado poeta António Nobre: “… Amigos, que desgraça nascer em Portugal!”

Bom, o caso é que nos países novos, onde o futuro é mais longo que o passado e os livros de história não importunam as criancinhas com proclamas heróicas, costumam levar melhor a afortunada desgraça de ter nascido. Lembramos agora que o mais grande poeta norteamericano, talvez, Walt Whitman, cantava-se a si mesmo e ao seu país com a maior alegria: “Tenho trinta e seis anos. A minha saúde é perfeita e com o meu alento puro começo a cantar hoje…”
Brasil… bom Brasil não é ainda Norteamérica mas a verdade é que a tristeza da favela foi sempre menos triste que a do barraco do tio Tom. O samba afinal é para bailar enquanto o blues apenas para cantar a saudade.
O caso é que o Bonassi arrenega no seu Brasil em 15 capítulos do ritmo tropical, de qualquer celebração do futuro e parece mesmo que o que pretende é contradizer a afirmação do presidente Lula: “Eu digo sempre que depois da descoberta da Petrobras está ficando provado que Deus é brasileiro”. Tem-no merecido, Pelé ou Machado de Assis estão muito acima de Petrobras sem que a estátua do Pão de Açúcar se tenha comovido.

Bom, Bonassi opina contra. Quinze são os argumentos do Bonassi, todos eles convincentes se acreditamos na sua experiência de primeira mão. Para começar, adota Bonassi a voz de um poeta brasileiro para lembrar-nos que nascer é muito comprido e custa habituar-se. Ele demonstra-o, não foi capaz ainda.
Naturalmente renuncio a resumir os aforismos, ou sentenças, ou chicotaços do tal Bonassi – romancista, contista, cineasta e roterista: São Paulo, 1962 – porque não é possível reduzir o que é já mínimo. É questão de lógica.

Não renuncio, contudo, a chegar a compreender plenamente alguma das histórias que de tão concentradas parecem reclamar mesmo um golinho de água como os uísques de alta graduação. Talvez alguém poda chegar a explicarmos, talvez o Bonassi mesmo se for certo que afinal Deus é brasileiro e gosta de se dar a conhecer.

João Lopes Facal, Compostela, 2012


O CONTO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO: AVALIAÇÃO E RESUMO DOS CONTOS

 

VALORAÇÕES MÉDIAS ATRIBUÍDAS PELOS MEMBROS DO CLUBE DE ANTIGOS ALUNOS EOI – COMPOSTELA

Cada um dos contos foi classificado entre 0 e 10. Na lista a seguir apenas constam os 7 contos com melhor aceitação

1
Nº de conto: 18 (Varandas da Eva)
Média: 9
Desvio: 0,9

2
Número de conto: 12 (A peste de Janice)
Média: 8,6
Desvio: 0,8

3
Número de conto: 1 (Circo Rubião)
Média: 7,8
Desvio: 0,4

4
Número de conto: 17 (O herdeiro)
Média: 7,2
Desvio: 0,7

5
Número de conto: 19 (Mentira de amor)
Média: 7,2
Desvio: 0,7

6
Número de conto: 8 (Quinze cenas do descobrimento de brasis)
Média: 7,2
Desvio: 2,8

7
Número de conto: 2 (Condições do tempo)
Média: 7
Desvio: 1,1

O parâmetro desvio padrão indica a maior ou menor dispersão das diferentes qualificações por parte dos membros do clube. Por exemplo, o conto número 1 (Circo Rubião) teve quase unanimidade nas valorações, todas elas muito próximas da média de 7,8 mas o número 8 (15 cenas do descobimento dos Brasis) gostou muito pouco a alguns e foi muito bem acolhido por outros.

Como pode ver-se, o conto mais valorado foi o número 18: VARANDAS DA EVA
Seguido a pouca distância do número 12: A PESTE DE JANICE
O quadro de honra completa-se com o terceiro, o nº 1: CIRCO RUBIÃO

Não vou dizer qual foi a lanterna vermelha. Apenas assinalarei que nenhum chumbou.

Índice (Titulo/Autor/Sinopse)

1. Circo Rubião/Adriana Lisboa/Camila, menina de 10 anos de uma família que não liga para ela, e mesmo a maltrata, vê passar desde a janela os anunciantes de um circo que acabou de chegar à cidade. Ela gostava de unir-se à troupe.

2. Condições do tempo/Adriana Lunardi/Ele retorna à casa do seu namorado a quem abandonou anos há. Nesse dia parece haver uma festa nessa casa e ninguém liga para ele, como se não o reconhecessem.

3. Felicidade/André Sant’Ana/O mundo frívolo dos actores e, sobretudo, das actrizes de telenovelas; o culto ao corpo, ao dinheiro, ao suceso…

4. Quatro movimentos progressivos do calor/Bernardo Carvalho/Quatro mini relatos sobre loucura-calor: 1) Um acredita que a mulher que informa do tempo na TV fala só para ele em clave; 2) Um botânico descobre que as plantas falam quando a temperatura sobe; 3) Uma estudante Lapónia foge para o Sara na procura de calor; 4) Num incêndio um bombeiro penetra nas labaredas no encalço de umas vozes que crê ouvir.

5. Distâncias/Carola Saavedra/Ânsia de amor por uma mulher quiçá inexistente, acaso sonhada.

6. Fantasia-Improvisso/Cíntia Moscovich/Ela conhece um pianista cego e namora com ele.

7. O adotado/Cristovão Tezza/Depois de muitos anos de afastamento, é avisado de que a mãe adotiva está a morrer e vai lá para ocupar-se dela.

8. 15 cenas do descobrimento de Brasis/Fernando Bonassi/Outro tantos comentários que aludem de maneira irónica e críptica a diferentes acontecimentos da história e a sociedade brasileira.

9. Liberdade/Ferrez/Ex-presidiário sai da cadeia mas a mulher fugiu da casa.

10. Penalidade máxima/Flávio Carneiro/O centro-avante coloca a bola na marca do pênalti. O resultado desse jogo vai ser decisivo para o time, para a cidade e para a vida do próprio jogador.

11. Mar/Joâo Anzanello Carrascoza/O pai que lembra aquele filho que levou o mar.

12. A peste de Janice/Luís Augusto Fischer/Janice é filha de uma serviçal da escola de freiras. Sofre com o despreço das companheiras.

13. Sete epitáfios para uma dama branca/Marçal Aquino/Um operário da barragem tem um caso com a mulher do engenheiro. Quando aquela for construída vai ficar alagada uma aldeia de índios.

14. Conto culinário/Maria Esther Maciel/A editora de uma revista de culinária encarrega a Zenóbia um conto sobre tal assunto. Então ocorrem-se-lhe diferentes ideias que vai rejeitando uma após outra.

15. A hora extrema/Mário Araújo/Um menino que quer estar acordado na meia-noite em que ele pensa acontecem prodígios.

16. O homem da paria/Michel Laub/A mulher revê a sua vida inteira do momento em que ela conheceu Sérgio na praia.

17. O herdeiro/Michel Sanches Neto/Voltou para o enterramento do seu pai, um “coronel” despiedado.

18. Varandas da Eva/Milton Hatoum/Uma malta de adolescentes aspira a entrar num prostíbulo luxuoso. Quando alcançam a idade o tio do protagonista os convida e este conhece uma garota e fica apaixonado.

19. Mentira de amor/Ronaldo Correia de Brito/Delmira e as filhas não saem da sua morada. Tinha morrido outra filha e já não havia motivo para mais alegrias no mundo. Apenas sai o pai e marido para o trabalho e outras coisas.

20. Desalento/Tatiana Salem Levy/O dia depois da morte do filho. A ausência dele na casa.

21. Linha férrea/Tércia Montenegro/O pai adotivo ficou paralítico e ele tem que cuidá-lo. É ciente de que quando o pai morrer, ele vai herdar um monte de dinheiro.


Pontuação das leituras feitas.

Desde o Clube de leitura da Ánxel Casal acrescentamos aqui os títulos que lemos este ano com a pontuação feita sobre 10 que lhe demos a cada um deles:

A chuva pasmada, de Mia Couto. 6,9.
O testamento do Sr.Napumoceno, de Germano Almeida. 6,8.
Contos da Montanha, de Miguel Torga. 8,6.
Manhã Submersa, de Vergílio Ferreira. 6,2.
Quem me dera ser onda, de Manuel Rui. 6,5.
Materna doçura, de Possidónio Cachapa. 5.