Sessão com Lois Diéguez no Lar da Cultura do País (8 de junho)
O Canto do Muecín narra a viagem à Síria de um grupo de galegos(as), cada um deles com experiências prévias e expetativas diferentes.
O enredo do livro envereda pela paixão entre a galega Sara e o guia Assad; uma intriga com vários assaltos sexuais; o passado de cada um dos turistas e as relações entre eles; e o próprio roteiro da viagem pelas maravilhas arqueológicas da Síria.
Mas em que medida O Canto do Muecín é um romance sobre a Síria e os sírios, ou sobre os galegos que lá viajam? Eis um dos debates a que se prestou o livro.
O autor defendeu o uso de “personagens de contraste”, de traços marcadamente galegos, com independência da classe social das mesmas. Para ele, até os meninos e meninas bem da Corunha teriam traços bem galegos de comportamento, o que deveríamos esperar que viesse à tona na literatura.
Foi aí que o debate enveredou para os Ferrins, Rivas, Cunqueiros e Pedraios habituais de qualquer tertúlia do género. As digressões sobre aquilo que a literatura galega é ou deveria ser também não faltaram. Menos não podíamos esperar do nosso clube, onde as inspiradas conversas acabam sempre por rodopiar como um enxame de abelhas — à boa maneira luguesa.
Voltando ao rego do livro, falou-se das perceções que em Ocidente existem a respeito do Médio Oriente, da situação das mulheres no mundo árabe, e da agressão que a Síria está a sofrer nestes dias. Até parece que O Canto do Muecín do Lois já agourava o que estava para vir:
De súbito, os cantos dos muecíns uníronse ao estrondo, mais as súas voces non posuían o acougo doutras veces e parecían multiplicarse como se todas as mesquitas de Damasco se puxesen de acordo en avisaren do perigo. Os guías metéronse detrás duns piñeiros con mentes de que os viaxeiros non os distinguisen (página 469)
Em cima da mesa de debate não faltaram um mapa da Síria e alguns livros sobre o Oriente Próximo, como Entre Árabes de Colin Thubron, um maravilhoso livro de viagens a que O Canto do Muecín também faz alusão.
Também há que assinalar que um dos membros do clube protagonizou uma espetacular caída da cadeira de plástico de onde falava, resultando na quebra de uma das patas da peça de mobília. O tal clubista já confirmou a este blogue que haveria de restituir às associação os 5 euros em que a cadeira foi avaliada por observadores independentes.
No final da sessão, o autor deu-nos como presente dous poemas dedicados à Carme, a sua irmã. Ficamos mesmo muito obrigados a Lois Diéguez pela delicadeza do presente e por se ter deslocado a Lugo para a sessão do clube.
O clube da Cultura do País continua a sua andaina com A Casa Grande de Romarigães, do mestre Aquilino Ribeiro.
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