Meu pé de laranja lima ( José Mauro de Vasconcelos)
Retrato social da marginalidade, contado a través dos olhos dum menino, se calhar com não poucas passagens autobiográficas.
O livro está cheio de emoções e de sonhos, de anseios e de frustrações, manejados com grande habilidade pelo autor, com uma narração esquisita, formosa, profundamente poética.
O pé de laranja lima é uma árvore na qual o menino desabafa, o que faz para que seja o seu melhor e quase que único amigo. Uma fantasia infantil que serve de refúgio face a adversidade duma vida excesivamente cruenta para uma criança esperta e inqueda. Acho que reproduzir apenas um trecho dá para perceber o tudo: “E foi assim que eu ganhei a minha roupa de poeta. E fiquei lindo”.
Futuro imperfecto : (Xulia Alonso)
Transpira realismo, loita, traxedia e rebeldía. Contén toda a épica e o dramatismo dunha epopea urbana con raizame rural, transmitida con coraxe e sinceridade, sen caer no melodrama.
A narración flúe con unha gamela enfeitizada nas vagas do océano; mar atlántico coma aquel ollar inesquecible que a autora levará sempre consigo.
Linguaxe directo, amable e vigoroso; culto e natural a un tempo, equilibrado. Equilibrio dinámico, que dirían os físicos: vibrante e contaxioso; escintilante.
Como naquela “Crónica” que outrora relatara Gabo (García Márquez), “Futuro imperfecto” achéganos paseniño cara un final anunciado. Fermosa e fonda, dolorosa e reflexiva, seduce de tal xeito que acabas por desexar que o tal final nunca chegue, que un milagre nos converta en area da praia de Afife para sermos, como na fábula de Borges, en simultáneo suxeito e obxecto dun libro infinito.
Clube Lendo lendas
Você precisa fazer login para comentar.