Pega no livro

Clubes de leitura da Galiza com algum livro em português


A memoria da chuvia (Pedro Feijoo)

Um livro para entreter e o melhor de tudo é que essa foi o pretendido polo autor segundo conta numa entrevista. Estás de férias? Gostas de ler na praia? Pois deita-te na toalha e le esta história.
É um romance policiaco onde acontecem umas poucas mortes (ou muitas) e onde a intriga e o suspense mantêm-se a um ritmo adequado.
O fio do relato está acompanhado da poesia de Rosalia de Castro e a relação entre os poemas e a investigação dos crimes está magnificamente urdida. Chegas ao final do livro e estás desejando ir a internet na procura de quanto há de realidade na história.
O desenlace prolonga-se durante dúzias de páginas mas sabe manter o ritmo.
Houve na juntanza quem afirmou ter lido algum livro do afamado detective Carvalho da saga do falecido Montalban e na comparação a “A memoria da chuvia” saia ganhadora. Isto é uma boa mostra da qualidade da obra.
Na correspondente votação realizada entre os membros assistentes do clube, o livro acadou uma valoração de 7.1 pontos sobre um total de 10.


Banda desenhada e centauros à solta em Tuga-Lugo-Lendo

O encontro de hoje [22 de novembro] do Clube Tuga Lugo Lendo foi intenso: conversou-se muito e duas vezes. Os livros objeto de análise foram A pior banda do mundo (volume 1), banda desenhada de José Carlos Fernandes, e O centauro no jardim, romance de Moacyr Scliar. A banda desenhada deu pano para mangas. À partida parecia difícil comentar em grupo este livro puzzle de mil histórias mas foram-se destacando diversos aspetos que todas as pessoas presentes apreciaram especialmente: a criatividade, a capacidade crítica, a atemporalidade, a indefinição espacial, a qualidade dos desenhos, a filosofia sobre o quotidiano, as reflexões sobre a escrita, as referências musicais, o sentido do humor. Só a pontuação é que dá para resumir tudo o que foi falado: 8,75!
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O centauro no jardim criou mais controvérsia. O debate mostrou a variedade de leituras que o livro permite: à letra ou alegóricas, focadas no indivíduo e na sociedade ou como representação do próprio Brasil. É a história de quem caminha nas margens da sociedade, a história dos imigrantes judeus do Brasil e da deriva social e política dos gaúchos e de todo o país. Será que é possível identificarmo-nos com um centauro? Será que somos mesmo só meio pessoas? Nem todos pensámos da mesma maneira; nem todos gostámos da mesma maneira do livro. Daí os pontos: 6,68.
(O Iago escreveu esta crónica. Muito obrigados a ele)
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Moacyr Scliar