Pega no livro

Clubes de leitura da Galiza com algum livro em português


REUNIÃO DO CLUBE SANTENGRACIA

No dia 13 de junho do 2014 reuniram-se os membros do clube de leitura «santengracia» para analisar o livro que estiveram a ler durante os meses da primavera. Um deles elaborou o seguinte texto que transcrevemos:
«O ÚLTIMO CAIS
O leitor mergulha-se no ambiente da burguesia da ilha da Madeira na segunda metade do século XIX.
A personagem principal é um médico que se ausenta periódicamente da ilha para exercer as suas funções a bordo em diferentes travesias pelos oceanos Atlántico e Índico. Nas conversas nestes barcos saim à luz opiniões sobre acontecimentos políticos da época: a abolição da escravatura, a guerra dos Boers, o movimento republicano em Portugal, o reparto de África entre as potências europeias, o incipiente movimento sufragista…
A personagem principal não o é tanto como um fio condutor das diferentes protagonistas do relato, todas relacionadas familiar ou sentimentalmente com aquele, sendo elas o principal objectivo da autora, a qual descreve a situação da mulher como vítima de um sistema que a discrimina dramáticamente.
A narração é fluida e as personagens bem construídas e verossímeis. Porém algumas delas ficam em um mero esboço e teria sido desejável um maior aprofundamento.»

O LIVRO FOI VALORADO COM 7,64

Uma das críticas expostas na reunião expressava a dificuldade do leitor em seguir o desenvolvimento do relato no relativo à multitude de pessoas que o habitam, por quanto as relações de parentesco faziam-se complicadas e difíceis de seguir , obligando o leitor a reler páginas anteriores para recuperar informações difíceis de lembrar de uma página para outra. Alguém do clube elaborou um relatório onde aparecem os nomes das pessoas junto com as suas relações com as outras e indicação da página ou páginas onde se falava de cada umha delas. Esta informação, junto com um glosário, foram coladas na secção de recursos de este blogue.
Acordou-se para os meses de verão, a leitura do romance de JOÃO TORDO:
Biografia involuntária dos amantes


CRÓNICA DA ÚLTIMA REUNIÃO DO CLUBE DE LEITURA «SANTENGRACIA»

Compostela 9-Junho Na sexta-feira passada celebrou-se na cave da afamada livraria Ciranda de esta localidade, a XVI reunião do clube de leitura «santengracia». As responsáveis da loja tiveram a amabilidade de exercer como exemplares anfitriãs até o ponto de obsequiar os presentes com um primoroso lanche: chá, café, bolos, bolachas, refrigerantes e cerejas.

Os assistentes (Afonso, Ana, Carme, Carmela, João, Lali, Maria, Olalha, Paz e este cronista) debateram amplamente sobre estilo, género, personagens, ambientes, quadro histórico, léxico e outros eruditos pormenores referidos ao livro que nesta ocasião era objecto de analise e motivo da assembleia: Azul-Corvo, da exímia escritora brasileira Adriana Lisboa.

Como é praxe valorou-se por parte dos assistentes a leitura da obra, obtendo a qualificação média de 8,22 valores sobre 10. Muitos dos membros do clube solicitaram informação sobre a existência de outros romances da mesma escritora, mas infelizmente ninguém soube dar notícias ao respeito. Mas este cronista conseguiu informação depois da celebração da reunião que apresenta agora:

Romances de Adriana Lisboa
• Os fios da memória – Rio: Rocco, 1999;
• Sinfonia em branco – Rio: Rocco, 2001;
• Um beijo de colombina – Rio: Rocco, 2003;
• Rakushisha – Rio: Rocco, 2007;
• Azul-corvo – Rio: Rocco, 2010;
Se alguém estiver interssado em adquirir algum deste romances, pode por-se em contacto com a livraria Ciranda onde podem tentar conseguir alguns exemplares se não estiverem esgotados.

Depois tratou-se da leitura do próximo livro que será o que ocupe as horas de lazer do incipiente Verão: ficou por ampla maioria eleito o livro ARROZ DE PALMA do também brasileiro Francisco Azevedo. Temos notícia de que este livro foi um sucesso espantoso no Brasil e mesmo noutros países a cujas línguas foi rapidamente traduzido: espanhol, inglês, alemão, francês etc

Por último decidiu-se a data da próxima reunião que ficou marcada para a sexta-feira 27 de Setembro de 2013 às 19:30 Na cave da Ciranda.

Como têm os sócios por costume, continuaram o convívio na «lanchonete» Bicoca, ubicada na rua de Casas Reais. Lá não puderam ficar nem a Lali nem a Olalha, que tinham outros compromissos mas apareceu a Júlia, cujo trabalho de bibliotecária lhe impedira estar presente na reunião mas também tinha desfrutado da leitura do livro que comentou com os demais companheiros entre copo e copo de vinho.

Todos os sócios presentes encomendaram o livro Arroz de Palma para o trazerem a Compostela as responsáveis da Ciranda, excepto este cronista e a Olalha que já dispunham dele. Neste momento é ainda tempo de fazer o pedido por parte de qualquer outro membro do clube que não tivesse assistido à reunião da que estamos a falar. Tudo é escrever a:

livraria@ciranda.pt

Os sócios e sócias do clube falaram com imensa saudade de outros membros que, por motivos com certeza sérios, não puderam assistir à reunião: O Antão que já tinha anunciado a sua ausência, a Natália Poncela feliz mãe que tem que ter conta da Elba, a sua criança, a Natália Val, estudosa da arte que por enquanto não teve tempo disponível para compartir leituras connosco, A Beatriz Quintela, também com obrigas maternais, A Sandra, que tantos e bons escritos tem enviado ao blogue da federação de clubes «pega-no-livro», e as duas Monses, que desejamos ver nas vindeiras reuniões do «santengracia». E a Nazaret que estamos certos que foram as suas obrigas laborais as causas da sua não assistência. Sabíamos já que não estaria na reunião a nossa querida amiga Olga que tinha obrigas familiares ineludíveis.

Eram quase uma hora depois da meianoite quando os últimos membros do clube se retiram ao seus domicílios.

Crónica do Carlos Campoy em exclusiva par este jornal.


Uma leitura particular de um mestre em divagações

João Lopes Facal
Clube santengrácia, Compostela, IV 2013

Tivemos estoutro dia o primeiro encontro do ano do Clube santengrácia. A sede, generosamente cedida para a ocasião, foi desta vez a livraria Ciranda de Compostela onde um pode achar a melhor escolha de livros de temática feminista e galaico-portuguesa ou luso-brasileira, ou como gostem os senhores dizer. A obra que nos ocupou foi Esaú e Jacó do mestre Machado de Assis (1839-1908). Um clássico das letras brasileiras, fundador e primeiro presidente por aclamação da Academia Brasileira das Letras fundada lá no ano 1897.
Machado é um clássico e todo clássico requer um bocadinho de paciência antes de ele entregar o seu segredo. Segredo muito particular o de Machado; pobre de nascimento, autodidacta, jornalista, e observador impenitente de um Brasil adolescente ainda mas satisfeito já da sua qualidade de povo eleito e cadinho de raças e culturas: O mulato -branco e negro- o caboclo -branco e indígena- e outras secretas misturas que fizeram grande o país. Com uma consulta de duas senhoras brancas da boa sociedade -uma embaraçada e a sua irmã- a uma adivinha cabocla começa a história de Esaú e Jacó que era a nossa leitura.
Opinávamos que um clássico merece um certo respeito mas no caso de Machado mais do que respeito abertura ao jogo da ironia e a divagação. Machado gosta de trazer o leitor a pé dele para piscar-lhe um olho cúmplice e convertê-lo em co-autor. Olhe lá -pode dizer, por exemplo- a senhora não vai crer –Machado gosta de dirigir-se à leitora feminina- o que agora vai acontecer mas…
Machado amava às mulheres porque amou muito à sua esposa, Carolina, à qual lembrou num soneto que parece um ramo de flores delicadas:
“Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.
(…)
Trago-te flores – restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.”
Carolina era uma portuguesa do Porto culta e sensível, segundo dizem os entendidos, que ensinou a Machado a ler a grande literatura europeia e acabou por exercer de leal crítica literária do grande escritor.
Machado adora interromper as suas histórias para interpelar @ leitor. No capítulo XXVII (de apenas uns parágrafos) interrompe o fio da narração dos dois gémeos opostos e competidores desde antes de nascer para dar entrada à voz da leitora que pergunta se não será que quando os gémeos cheguem a adultos vão acabar por se apaixonar da mesma mulher. Machado não perde a calma: “O que a senhora deseja, amiga minha é chegar já ao capítulo dos amores que é o seu interesse particular nos livros (…) Francamente eu não gosto de gente que venha adivinhando e compondo um livro que está sendo escrito com método. A insistência da leitora em falar de uma só mulher chega a ser impertinente”.
Outras vezes o narrador sente a obrigação de pedir desculpas por introduzir um salto temporal que interrompe o fio do relato. É o que acontece no capítulo XXII, que dura apenas um parágrafo: “Os estados de alma que de aqui nasceram davam matéria a um capítulo especial se eu não preferisse agora um salto a 1886. O salto é grande, mas o tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode não bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais subtil obra deste mundo, e acaso do outro”. Puro Machado.
A ironia e a tonalidade mais grata a Machado de Assis. O capítulo XL do romance, titulado Recuerdos -assim, em espanhol- narra um namorico do Conselheiro Aires –diplomata, céptico, utente de monóculo- com uma actriz de Caracas que cantava sevilhanas:
“-Que rumor é este, Carmen? perguntou ele entre duas carícias.
-Nao se assuste, amigo meu; é o governo que cai.
-Mas eu ouço exclamações
– Então é o governo que sobe”.
Os anos da madureza de Joaquim Machado de Assis foram de mudanças. No ano 1889 em que Machado cumpria os seus cinquenta, Brasil abolia a escravatura e mudava de Império a República mediante um golpe militar republicano liderado pelo general Deodoro da Fonseca. A República trouxe a bandeira mais eloquente que no mundo haja com um lema positivista no seu centro: “Ordem e Progresso”. O lema, que procede do filósofo social francês Auguste Comte, paira sobre uma constelação de estrelas que pretendem retratar o céu carioca na manhã de 15 de novembro de 1889 às doze horas siderais. Ciência astronómica e fé no progresso indefinido: uma constelação embriagadora que acompanhou os últimos anos do romancista de olho céptico e tolerante. A opinião de Machado sobre o cientismo positivista -ao estilo do Jules Verne para entender-nos- é bem visível num dos seus contos, “O alienista”, onde nos conta a paixão de um cientista da saúde mental por encerrar cada vez mais gente no seu manicómio por suspeita de desequilíbrio mental generalizado até levar-nos à conclusão de quem é o verdadeiro alienado. No nosso romance, o elegante diplomata Aires, que é o autêntico narrador da história de Esaú e Jacó, bem pode ser um protótipo de aqueles sisudos cavalheiros republicanos adeptos ao progresso e à alta cultura: “Isto feito, Aires meteu-se na cama, rezou uma ode a Horácio e fechou os olhos. Nem por isso dormiu. Tentou então uma página de Cervantes, outra de Erasmo, fechou novamente os olhos, até que dormiu”.
Publicado em 1904, Esaú e Jacó é o penúltimo romance de Machado de Assis, uma olhada lúcida e irónica carregada de ambiguidade. O romance da vida paralela e discrepante de Pedro e Paulo, filhos gémeos de Natividade e Agostinho Santos que nascem rivais em tudo. Paulo é impulsivo e republicano, Pedro dissimulado e conservador; um mesmo amor único e impossível acaba por uni-los e separá-los. Mas, como bem poderia dizer o próprio Machado: olhe cá amiga, eu não vou desvendar agora a história que é para ser lida se a senhora tiver vagar e gosto pelas reviravoltas e variedades da alma humana.


RESUMO DA ÚLTIMA REUNIÃO DO CLUBE DE LEITURA SANTENGRACIA

Hoje tivemos a reunião número… sei lá! Foi na cave da Ciranda num local acolhedor em que as responsáveis da livraria nos atenderam com esmerada cortesia e amabilidade: o local é confortabilíssimo e além disso puseram ao nosso dispor bolachas, chã, café etc.

 
Falamos do livro para ler na vindoira temporada, que corresponde à primavera. Decidiu-se em votação, o livro Azul – Corvo

 

da brasileira Adriana Lisboa,  já conhecida pelos santengrácios pois era uma das autoras que foram seleccionadas na antologia do conto brasileiro contemporâneo.

 
Já pedimos uns quantos à própria Ciranda que se encarregassem de fornecer-nos o livro. Se alguém não esteve hoje na reunião, pode ir até lá que eles podem pedir mais um exemplar, ou dois ou os que forem.
 
Em previsão de que o livro estivesse esgotado, fizemos uma lista de «suplentes» Este é o Reino de Portugal
 
de José Brandão, foi o primeiro suplente eleito, os dois que vieram a continuação, com igual número de votos, foram:
 
Arroz De Palma
 
 
Os Cantos
 
A tragédia de uma família açoreana
 
Porém há indícios de que o «Azul-corvo» pode ser conseguido facilmente.
 
Na mesma reunião determinou-se a próxima data de reunião que vai ser:
 
DIA: SEXTA-FEIRA 7 DE JUNHO DE 2013
HORA: 19:30
LOCAL: CAVE DA CIRANDA (RUA TRAVESA 7, RÉS-DO-CHÃO) COMPOSTELA
 
O livro que foi lido em tempo de inverno, Esau e Jacó de Machado de Assis, foi comentado com erudicião e entusiamo pelo camarada João que louvou o humor, a ironia e a qualidade literária do genial brasileiro. A Lali leu um trecho do mesmo livro que conseguiu aproximar-nos à oralidade brasileira e finalmente, depois de várias intervenções do Antão, a Nazaret, a Olalha e mais que agora não lembro, decidiu-se qualificar a obra lida. Bem sabemos que é audaz pela nossa parte pôr nota a um vulto de tamanha importância da literatura não apenas brasileira  mas o nosso objectivo é transmitir a nossa valoração subjectiva a outros clubes de leitura da federação «pega-no-livro». A média das qualificações foi 7,8 e votaram unicamente 5 pessoas,das 11 que estivemos, pois outras não terminaram a leitura do livro, ou sentiam-se incapazes de emitir uma qualificação.
 
Espero que o João escreva umas reflexões sobre o livro para serem publicadas no blogue https://peganolivro.wordpress.com/
 
Já agora, entrem nessa página que há um extenso comentário sobre o livro que temos para ler nesta primavera, já sabem, «azul-corvo»
 
Abraço
 
Carlos
 
PS Depois da reunião fomos à taberna «Los sobrinos del Padre: La Casa del buen Pulpo» onde comimos três raçons do idem além de omeletas, e zorza (com vinho e cerveja q. b.)


RESUMOS DOS RELATOS DO LIVRO «LAÇOS DE FAMÍLIA» DE CLARICE LISPECTOR

O livro de relatos da Clarice Lispector «Laços de Família» foi a leitura correspondente à primavera do clube de leitura santengracia. Sandra Freire envia-nos os seguintes resumos dos contos do livro.

“A imitação da rosa”

Laura, personagem protagonista, está a aguardar pelo seu marido para irem ver uma amiga chamada Carlota.

Os pensamentos que Laura tem durante a espera são matéria literária.  Laura pensa sobre as regras que deve cumprir no encontro com a colega, como deve comportar-se, como deve pensar e mesmo como deve sentir. Podemos dizer que na sua forma de pensar há um constante reflexão sobre o seu dever o qual na sua vida trata de cumprir, embora sejam uns deveres contraditórios.

A relação com a amiga, Carlota, deixa-nos ver como é Laura e os seus problemas.  Da amiga Laura pensa que é “original”, não segue as regras necessárias para ser perfeita, ela trata o marido da protagonista de igual.  Aliás a relação com esta colega é pouco conflitiva porque Laura aceita tudo com resignação, no caso da relação com o marido, Laura trata de ser especialmente correcta, no entanto o marido com ela é indiferente e mesmo grosseiro.

No final do conto, Laura tem uma série de pensamentos encontrados sobre se deve ou não dar as rosas que comprara a Carlota.  Laura gosta especialmente das rosas mas estas chegam a incomodá-la porque olhar as rosas faz que ela seja consciente de que as rosas duma realidade que não lhe pertence.  Na história as rosas são símbolo da perfeição e serve para uma comparação com Laura que ante elas vive uma incecisão incómoda sobre se deve ou não dá-las.  Depois deste debate interno que tem sobre as rosas chega o marido que a trata com indiferença e incompreensão.

“Feliz aniversário”

Zilda ocupa-se da celebração do aniversário de sua mãe, uma senhora de oitenta e nove anos.  Ao aniversário acodem irmãos de Zilda, as suas esposas deles e também os filhos destes casais.  No conto assistimos ao interior dos personagens e às conversações.  Em geral podemos perceber uma distinção entre os homens que falam em negçócios e trabalho e as mulheres preocupadas com assuntos da vida.  Olária observa os petiscos, vestidos e dedica-se a cuidar os filhos; Cordélia está triste e ausente e Zilda é a encarregada de servir, preparar a comida.   Ante esta família a personagem que se destaca é a velha (“a mãe de todos”), a senhora pensa e sente de forma negativa por causa dos seus filhos, no final chega a cuspir ao chão.

“A menor mulher do mundo”

um explorador francês atopa na África Central uma mulher de 45 cm de altura, de quem se diz que é a menor mulher do mundo estes dados publicam-se em múltiplos jornais e por esta razão as famílias de distintas partes do mundo fazem valorações sobre esta mulher.  Pequena flor (como chama o explorador a esta mulher) considera-a uma rareza, sente compaixão por ela e está feliz pelo seu encontro.  A mulher que estava grávida também sente algo pelo explorador mas não curiosidade, mas amor.  O amor desta mulher é contraposto ao amor do homem, ela sente um amor que pode ser equivalente a sentimentos agradáveis, como gostar duma camisola, sapatos, etc.  Estes sentimentos agradáveis levam a faze-la rir o que provoca espanto e horror por parte do cientista.

“O jantar”

Um homem come num restaurante enquanto uma primeira pessoa (narrador) o observa.  Nesta refeição o narrador olha como come e bebe, mas também como ao mesmo tempo limpa o rosto de uma lágrima que se mostra na face.  No final da história umas palavras do narrador explicam que não consegue comer por causa de um assassinato.

“Preciosidade”

Uma rapariga adolescente (15 anos) levanta-se todos os dias põe os sapatos de salto que se oem em toda a casa, corre para apanhar o autocarro e depois vai à escola.  A moça vê sempre os esmos homens (os dous motoristas, os rapazes da escola no corredor …) durante o percorrido para chegar ao seu destino.  Um dia concreto ela por acaso levanta-se antes e faz o trajecto em diferente horário este facto faz com que atope dous homens em direcção contrára à sua, isto ocasiona que num momento se vai cruzar.  A menina sofre nesses momentos antes de encontrá-los e tem muito medo, mesmo pensa em fugir para a casa.  No conto vemos que se produz um encontro violento no qual as olhadas são aterradoras e as mãos agarram o seu corpo e finalmente produz-se a violação.  A protagonista vai depois à escola e quando chega a casa diz que não volta pôr sapatos com salto porque quer sentir-se feia.

“Os laços de família”

Neste conto há um encontro entre mãe e filha (Catarina) porque a mais velha visita a casa onde a filha mora com o marido e a sua criança.  Vemos como a filha sente quanto quer a sua mãe e também como a mãe quer a Catarina.  O marido quando Catarina volta da despedida da sua mãe encontra-se lendo o jornal porque ele pensa que “o sábado é seu” enquanto a criança está no quarto.  Catarina num arrebato fora da rutina agarra o filho e vai embora deixando o homem cheio de insegurança e vervoso.  Finalmente, decide que à noite os dous, ele e a esposa, iriam ao cinema.

“Mistério em São Cristovão”

Este conto trata sobre uma família que vivia de forma confortável porque não tinha problemas económicos na actualidade nem outros problemas maiores.  O conto centra-se numa rapariga que, enquanto todos vão para a cama, fica olhando o jardim e cheirando os jacintos duma janela do seu quarto.  Nessa noite tres homens vestem-se com máscaras representando um galo, um touro e um cavalheiro do diabo.  Estes mascarados entram no jardim para roubar os jacintos, mas o galo corta o jacinto maior, canta o galo  e un dos mascarados topa com a olhada da moça facto que faz fugir a todos.  A rapariga que vira tudo resulta afectada fortemente e a família agora com contrariedades deve voltar a ter a serenidade do princípio do conto.

“O crime do professor de matemática”

Um homem enterra un cão em substituição do cão que abandona a família.  O personagem que está a realizar esta acção no cimo de uma montanha vê como os habitantes da cidade vão à missa.  A igreja faz pensar ao homem quanto deja punir o seu pecado de deixar o seu cão abandonado.

“O búfalo”

Mulher fortemente angustiada pelo ódio vai ao Jardim Zoológico onde tenta que os seus sentimentos de ódio e o desejo de matar sejam mais fortes para ela.  No fim do conto encontra com o búfalo que a olha de frente, ela também os seus olhos onde vê a pessoa que produ o ódio.  Na última linha podemos perceber que o búfalo a mata.


Laços de família

Hoje fala para nós, a filóloga Sandra Freire, uma das incorporações mais recentes do Clube de leitura santengracia. Ela vai dirigir nestas linhas a nossa leitura de Laços de Família.

O seu texto diz assim:
“Uma reflexão crítica de Laços de família

O livro que tratamos esta sexta-feira no clube de leitura “Santa Engrácia” foi para os assistentes um livro que tem como protagonista a mulher.
A personagem feminina deixa de ser vista, como foi na tradição literária, segundo umas características físicas e morais prototípicas. Na obra de Clarice Lispector trata-se a mulher de forma mais profunda como um ser complexo, com contradições, sentimentos, ações, pensamentos, …


Em geral, em todos os contos podemos assinalar exemplos das ações e pensamentos da protagonista que não se ajustam ao papel dado à mulher. Nestes relatos a personagem tem comportamentos que não obedecem a regras morais tradicionalmente aceitáveis, coloquemos como exemplo dois textos: “Devaneio e embriaguez duma rapariga” ou “Amor”, nestes relatos a mulher realiza factos, deixa de parte as obrigações como esposa e mãe para fazer caso aos seus sentimentos e gostos individuais.


Acedemos portanto à mente da mulher e ao seu quotidiano para fazer-nos ficar com a ideia dos seus problemas e preocupações. Nesse viver das mulheres quotidiano não está fora o homem, de facto o homem e seu papel de indiferença, desprezo ou mesmo violência afetam de forma visível à vida da mulher. São múltiplos os exemplos que mostram como afeta o comportamento dos homens a elas tanto de forma física em “Preciosidade” conta-se um caso de violação, noutros casos de forma mais psicológica, por exemplo em “Mistério de São Cristóvão” quando um mascarado acede ao espaço de uma rapariga e da sua família.
Como conclusão podemos dizer que no livro há uma crítica ao papel dado às mulheres como domésticas encarregadas de limpar e servir em casa, acompanhar ao homem fora, sem momentos de distração. Podemos dar um exemplo em “Laços de família” ele é quem toma as decisões pelos dois, o homem reflexiona no fim do conto que esse sábado iriam ao cinema.
O mundo que é apresentado no livro foge do artifício, quiçá para mostrar de forma natural o dia a dia de uma mulher que ainda hoje em dia, cinquenta anos depois não nos é alheio”.

Estão com vontade de ler o livro? carreguem nesta ligação: ClariceLispector-LaçosdeFamília

Sandra, muito obrigada por nos descobrir tanta coisa boa.