Pega no livro

Clubes de leitura da Galiza com algum livro em português


Um restaurante com Aquilino Ribeiro à mesa

Restaurante O Conselheiro em Paredes de Coura

Restaurante > Cozinha Tradicional portuguesa
Largo Visconde de Moselos
4940-525 Paredes de Coura

Em defesa da boa gastronomia minhota e mantendo Aquilino Ribeiro como principal inspiração, o restaurante O Conselheiro é uma referência comprovada. A decoração rústica marcada pelas plantas naturais confere um ambiente acolhedor. Na lista, pautada por referências literárias, segue-se um desfile de pratos imperdíveis: bacalhau e trutas à Conselheiro, as conhecidas pataniscas, bolo do tacho, cabrito avinhado no verde tinto, feijoada de corno de bico e a panela de cozido à moda da aldeia. Não saia sem provar os tradicionais formigos de Coura.

Endereço:
Largo Visconde de Moselos, 4940-525 Paredes de Coura
251782610
Almoço 12h00 às 15h00; Jantar 19h00 às 22h00;

Encerra aos Domingos (jantar) e às Segundas
Refeição média 20€ (Multibanco, Visa)

Aquilino, as trutas do rio Coura

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A Associação Portuguesa de Escritores (APE) vai recordar Aquilino Ribeiro (1885-1963), assinalando de uma só cajadada os cinquenta anos da morte do autor de “Terras do Demo” e o centenário da publicação do seu primeiro livro, “Jardim das Tormentas”. Faz muito bem a APE, que propõe um interessante programa de conferências, tertúlias e percursos inspirados na vida e nos livros de Aquilino. As comemorações começam já na próxima segunda-feira, dia 25, e prolongam-se até 27 de Maio. A ideia final: divulgar a obra deste homem livre.

É, de facto, uma belíssima oportunidade para tentar explicar aos portugueses de hoje em dia que escritor não quer dizer pivô ou comentador de telejornal. Uma coisa não implica a outra e vice-versa. E que se pode ser escritor, verdadeiramente escritor, e escrever bem. Não há contradição nisso.
Pronto, está dito.

E depois temos a gastronomia aquiliniana, que também vai ser assunto e não é de menos. Aquilino Ribeiro gostava do que era bom e sabia o que era bom. Perdia-se por bolinhos de bacalhau (pastéis de bacalhau, se lido em Lisboa), adorava carne de porco em vinha-d’alhos, conhecia tudo sobre as “dez” maneiras de cozinhar truta. E explicava, fazia questão.

Ora, há um sítio em Portugal que guarda e serve a cozinha e as palavras de Aquilino. Um santuário gastronómico que certamente não ficará de fora do percurso minhoto agendado pela APE para o dia 21 de Abril e que até será guiado pelo escritor Mário Cláudio, habitual freguês da casa. É o Conselheiro, em Paredes de Coura, restaurante único até nisto: promove Aquilino Ribeiro todos os dias, sem subvenções e sem esperar por cinquentenários ou outros aniversários. Estão lá o caldo-verde, os bolinhos, o porco avinhado em tinto, as trutas assim e assado (foto). “Trutas que pediam boca que as soubesse apreciar”, no dizer do mestre. E o Sr. Vilaça encarrega-se de explicar Aquilino em cada um dos seus pratos. E oferece aos seus clientes um opusculozinho cheio de citações, a propósito, do autor de “A Casa Grande de Romarigães”. E é tudo tão bom – a comida e as palavras.

O banquete de Aquilino

Quando à mesa se encontram cabeça e estômago. Gastronomia e literatura, tudo à mistura.

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Aquilino Ribeiro falava em dez maneiras de confecionar a truta. Convém citar: “Trutas que pediam boca que as soubesse apreciar”. Ou ainda: “Haveria deleite maior que contemplar as trutas, no deflúvio matutino, com a água do córrego a cair no batedoiro dos seixos, oxigenada da frescura do orvalho e do azul do céu”. O livro é, claro, A Casa Grande de Romarigães, romance de 1957 para o qual Aquilino Ribeiro encontrou inspiração numa casa situada na aldeia de Romarigães, muito perto de Paredes de Coura.

Não percam o visionado do video: 

 

 

RRefeição média 20€
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De costas ao minarete da mesquita ouvia o rezo do muecim…

Sessão com Lois Diéguez no Lar da Cultura do País (8 de junho)

O Canto do Muecín narra a viagem à Síria de um grupo de galegos(as), cada um deles com experiências prévias e expetativas diferentes.

O enredo do livro envereda pela paixão entre a galega Sara e o guia Assad; uma intriga com vários assaltos sexuais; o passado de cada um dos turistas e as relações entre eles; e o próprio roteiro da viagem pelas maravilhas arqueológicas da Síria.

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Mas em que medida O Canto do Muecín é um romance sobre a Síria e os sírios, ou sobre os galegos que lá viajam? Eis um dos debates a que se prestou o livro.

O autor defendeu o uso de “personagens de contraste”, de traços marcadamente galegos, com independência da classe social das mesmas. Para ele, até os meninos e meninas bem da Corunha teriam traços bem galegos de comportamento, o que deveríamos esperar que viesse à tona na literatura.

Foi aí que o debate enveredou para os Ferrins, Rivas, Cunqueiros e Pedraios habituais de qualquer tertúlia do género. As digressões sobre aquilo que a literatura galega é ou deveria ser também não faltaram. Menos não podíamos esperar do nosso clube, onde as inspiradas conversas acabam sempre por rodopiar como um enxame de abelhas — à boa maneira luguesa.

Voltando ao rego do livro, falou-se das perceções que em Ocidente existem a respeito do Médio Oriente, da situação das mulheres no mundo árabe, e da agressão que a Síria está a sofrer nestes dias. Até parece que O Canto do Muecín do Lois já agourava o que estava para vir:

De súbito, os cantos dos muecíns uníronse ao estrondo, mais as súas voces non posuían o acougo doutras veces e parecían multiplicarse como se todas as mesquitas de Damasco se puxesen de acordo en avisaren do perigo. Os guías metéronse detrás duns piñeiros con mentes de que os viaxeiros non os distinguisen (página 469)

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Em cima da mesa de debate não faltaram um mapa da Síria e alguns livros sobre o Oriente Próximo, como Entre Árabes de Colin Thubron, um maravilhoso livro de viagens a que O Canto do Muecín também faz alusão.

Também há que assinalar que um dos membros do clube protagonizou uma espetacular caída da cadeira de plástico de onde falava, resultando na quebra de uma das patas da peça de mobília. O tal clubista já confirmou a este blogue que haveria de restituir às associação os 5 euros em que a cadeira foi avaliada por observadores independentes.

No final da sessão, o autor deu-nos como presente dous poemas dedicados à Carme, a sua irmã. Ficamos mesmo muito obrigados a Lois Diéguez pela delicadeza do presente e por se ter deslocado a Lugo para a sessão do clube.

O clube da Cultura do País continua a sua andaina com A Casa Grande de Romarigães, do mestre Aquilino Ribeiro.


CRÓNICA DA ÚLTIMA REUNIÃO DO CLUBE DE LEITURA «SANTENGRACIA»

Compostela 9-Junho Na sexta-feira passada celebrou-se na cave da afamada livraria Ciranda de esta localidade, a XVI reunião do clube de leitura «santengracia». As responsáveis da loja tiveram a amabilidade de exercer como exemplares anfitriãs até o ponto de obsequiar os presentes com um primoroso lanche: chá, café, bolos, bolachas, refrigerantes e cerejas.

Os assistentes (Afonso, Ana, Carme, Carmela, João, Lali, Maria, Olalha, Paz e este cronista) debateram amplamente sobre estilo, género, personagens, ambientes, quadro histórico, léxico e outros eruditos pormenores referidos ao livro que nesta ocasião era objecto de analise e motivo da assembleia: Azul-Corvo, da exímia escritora brasileira Adriana Lisboa.

Como é praxe valorou-se por parte dos assistentes a leitura da obra, obtendo a qualificação média de 8,22 valores sobre 10. Muitos dos membros do clube solicitaram informação sobre a existência de outros romances da mesma escritora, mas infelizmente ninguém soube dar notícias ao respeito. Mas este cronista conseguiu informação depois da celebração da reunião que apresenta agora:

Romances de Adriana Lisboa
• Os fios da memória – Rio: Rocco, 1999;
• Sinfonia em branco – Rio: Rocco, 2001;
• Um beijo de colombina – Rio: Rocco, 2003;
• Rakushisha – Rio: Rocco, 2007;
• Azul-corvo – Rio: Rocco, 2010;
Se alguém estiver interssado em adquirir algum deste romances, pode por-se em contacto com a livraria Ciranda onde podem tentar conseguir alguns exemplares se não estiverem esgotados.

Depois tratou-se da leitura do próximo livro que será o que ocupe as horas de lazer do incipiente Verão: ficou por ampla maioria eleito o livro ARROZ DE PALMA do também brasileiro Francisco Azevedo. Temos notícia de que este livro foi um sucesso espantoso no Brasil e mesmo noutros países a cujas línguas foi rapidamente traduzido: espanhol, inglês, alemão, francês etc

Por último decidiu-se a data da próxima reunião que ficou marcada para a sexta-feira 27 de Setembro de 2013 às 19:30 Na cave da Ciranda.

Como têm os sócios por costume, continuaram o convívio na «lanchonete» Bicoca, ubicada na rua de Casas Reais. Lá não puderam ficar nem a Lali nem a Olalha, que tinham outros compromissos mas apareceu a Júlia, cujo trabalho de bibliotecária lhe impedira estar presente na reunião mas também tinha desfrutado da leitura do livro que comentou com os demais companheiros entre copo e copo de vinho.

Todos os sócios presentes encomendaram o livro Arroz de Palma para o trazerem a Compostela as responsáveis da Ciranda, excepto este cronista e a Olalha que já dispunham dele. Neste momento é ainda tempo de fazer o pedido por parte de qualquer outro membro do clube que não tivesse assistido à reunião da que estamos a falar. Tudo é escrever a:

livraria@ciranda.pt

Os sócios e sócias do clube falaram com imensa saudade de outros membros que, por motivos com certeza sérios, não puderam assistir à reunião: O Antão que já tinha anunciado a sua ausência, a Natália Poncela feliz mãe que tem que ter conta da Elba, a sua criança, a Natália Val, estudosa da arte que por enquanto não teve tempo disponível para compartir leituras connosco, A Beatriz Quintela, também com obrigas maternais, A Sandra, que tantos e bons escritos tem enviado ao blogue da federação de clubes «pega-no-livro», e as duas Monses, que desejamos ver nas vindeiras reuniões do «santengracia». E a Nazaret que estamos certos que foram as suas obrigas laborais as causas da sua não assistência. Sabíamos já que não estaria na reunião a nossa querida amiga Olga que tinha obrigas familiares ineludíveis.

Eram quase uma hora depois da meianoite quando os últimos membros do clube se retiram ao seus domicílios.

Crónica do Carlos Campoy em exclusiva par este jornal.